TIMIDEZ - INTROVERSÃO - FOBIAS - BIPOLARIDADE
Psique, Família e Sociedade
(O Castelo – Dois Mundos
em Conflito)
O Castelo começou a ser escrito pelo autor em 2003, durante
um processo de psicoterapia que ele desenvolvia no Grupo Expressando.
Na idade adulta, descrente quanto às possibilidades de cura
de suas limitações psicossociais, percebeu logo, que a Biodança oferecia
algumas inovações em relação a outras terapias.
Estas inovações se constituíam por retirar a abordagem
terapêutica de um nível mental para o plano da emoção e intuição, dentro de um
processo de interação coletiva.
O Castelo foi trabalhado dentro deste processo como forma de
recriar os fenômenos envolvidos nos distúrbios de adaptação social que o
aprisionavam desde a infância, com consequentes profundos prejuízos ao seu
desenvolvimento social e profissional.
A ideia de se criar um mundo paralelo para onde possamos
transportar esta realidade esmagadora, muitas vezes insuportável que a
realidade nos impõe não é nova.
As fabulas, os mitos e os contos têm esta prerrogativa de
estabelecer representações daquilo que chamamos realidade, só que a uma
distância tal que permite-nos sair dos epicentros das tormentas para a condição
de observador de uma trama.
Ao contarmos uma história representativa destas realidades,
saímos da condição de protagonista para a de narrado, nos colocando como
observadores privilegiados de todo o processo.
Tratar de temas que envolvem os fenômenos
psíquico-emocionais, na condição de leigo não é tarefa fácil.
Isto porque temos dificuldades de separar dentro de nós o
médico do paciente.
O auto envolvimento nos fenômenos da psique, nos levam, via
de regra ao labirinto como o mito do “Minotauro”, onde as saídas conquanto
próximas, desaparecem nas redes subterrâneas entrelaçadas dos nossos complexos.
Creio que muitos terapeutas têm seu interesse inicial pela
psicologia numa busca pelas ferramentas e conhecimentos que lhes permitam entender
e superar suas fragilidades.
Só que ao tratar dos fenômenos em questão o fazem na condição
de especialistas e não como ex-pacientes, porque é parte de sua áurea de
autoridade profissional não expor fragilidades mesmo que já superadas.
Para a sociedade “quem foi rei nunca perde a majestade” ou
“ou pau que nasce torto, morre torto”, como forma de dizer que não crer na
cura, superação ou transformação do ser humano.
Quem se disporia a tratar com um terapeuta que, no passado
sofreu de distúrbios idênticos aos seus?
A ideia proposta pelo autor é tratar destas questões, não
como terapeuta, mas como ex-paciente que viveu na pele todos os processos de
inadequação social, com suas consequências funestas e dolorosas.
A sua cura efetiva ocorreu na idade adulta, quando parte de dele
já desistira da luta.
Entendeu então que toda cura é auto cura e parte de uma
decisão determinada do paciente, onde o terapeuta é apenas facilitador do
processo.
Digo apenas, sem desmerecer sua atuação, porque na maioria
das vezes, sem ele, podemos continuar nos debatendo contra nossos fantasmas em
redes cada vez mais emaranhadas e mais distantes da cura.
Não podemos, no entanto nos eximir de nossas
responsabilidades naquilo que temos de mais sagrado, a nossa realização pessoal
e a conquista e desenvolvimento de nossos talentos.
Jogar todas as fichas no terapeuta é deixar nas mãos de
outrem aquilo que de nossa exclusiva competência.
É criar um “salvador da pátria” em nossas vidas perpetuando
definitivamente nossas dependências e fragilidades.
Qualquer terapia pode nos fornecer asas para voar, ou muletas
para caminhar precariamente. Depende de nós.
Nossas muletas vão permitir que levemos uma vida, muitas
vezes razoavelmente boa, conquanto limitada.
Com nossas asas, conquistadas num embate difícil contra as
forças limitadoras e castradoras que “O Castelo” nos impõe, podemos finalmente
liberar e expandir nossos talentos, dentro da ordem primordial do Universo, que
é “crescer e multiplicar”.
A grande experiência humana é construída dentro de um
processo de erros e acertos, que vão compondo o acervo do conhecimento Humano.
As gerações que chegam se valem dos mapas traçados pelos
pioneiros e recebem o bastão para dar continuidade ao avanço da evolução.
O Castelo começou a ser escrito a partir de uma pergunta
simples que o autor se fez.
“Porque ele tinha tantas dificuldades em frequentar ambientes
sociais, a começar pelo familiar”.
A família pode ser considerada como primeiro espaço onde
exercitamos nossas habilidades sociais, e ser bem-sucedido neste espaço é
crucial para nosso sucesso pessoal e profissional.
A resposta que lhe apareceu na mente não foi racional, mas na
forma de imagens, como num filme.
Viu-se no meio de uma floresta, em exílio e lá ao longe, a
torre alta, do Castelo, projetando sua sombra sinistra sobre todo o vale. E aí
começou a história.
O Castelo ao ser escrito, ofereceu-lhe o cenário medieval,
com soluções neuro-lingüísticas que lhe facilitaram o retorno, quase que
imediato para o seio da sua família e da sociedade, onde já se via como
renegado.
Ser bem-sucedido em família não significa ficarmos sob sua
tutela e condescendência, mas nos tornarmos parte do seu processo coletivo de
cooperação.
Aquelas respostas que apaziguaram suas relações familiares e
sociais, e redundaram a seguir num vigoroso processo de criação literária,
podem, quem sabe, fornecer subsídios para quem se sente prisioneiro de seu
próprio castelo.
Como aqueles mapas que me referi anteriormente, O Castelo
pode oferecer uma trilha dentro da representação subconsciente, e permitir que
outros prisioneiros encontrem suas próprias saídas rumo a sua liberdade de
expressão e criação.
Para que O Castelo cumpra este objetivo vou incluir um anexo
com a contribuição de especialistas e pessoas que se sentem limitadas,
boicotadas e prisioneiras das suas engrenagens.
Nossa proposta é tratar aqui de todos os distúrbios de cunho
psíquico/social que limitam do ponto de vista pessoal, o pleno desenvolvimento
e o aforar dos talentos.
Estes distúrbios inserem um largo espectro de fenômenos que
recebem por suas peculiaridades, nominações diversas.
Timidez, introversão, fobias sociais, bipolaridade, depressão
e outros que serão acrescidos há seu tempo.
Quem quiser ceder seu depoimento sem se expor pode usar
pseudônimo e fazer parte deste trabalho interativo e inovador, contribuindo e
se beneficiando das experiências de terceiros.
A busca de nossa melhor capacidade e nossos talentos é uma
ordem determinante que vibra pelos tempos e espaços dentro do plano da criação.
Nossa realização pessoal depende de sabermos responder ao
chamado da Alma que ecoa na Eternidade.
João Drummond
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